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LUTO

  • jupautilla
  • 18 de dez. de 2023
  • 1 min de leitura

Atualizado: 9 de jul.

O quarto, a cama, a janela, companheiros de passagem. Foto: Juliana Pautilla
O quarto, a cama, a janela, companheiros de passagem. Foto: Juliana Pautilla

Algumas vezes é difícil entender que se está de luto, principalmente quando a perda não é pela morte de uma pessoa próxima. A perda pode ser pelo fim de um relacionamento, mudança de emprego, saída dos filhos de casa, realização de um novo desejo que exige decisões, Ou seja, diz de um processo em que se perde algo. Mas também algo de si se perde: expectativas, fantasias, objetos.

Pode haver muita ansiedade nesse momento, às vezes devido à negação ao luto, na recusa em processar o que ficou dos restos, das imagens, das sensações daquilo que não é possível retornar na forma que desejávamos.

E de repente um novo caminhar, uma espécie de futuro sem endereço certo. A dor sentida é de algum modo amenizada se o corpo aceita.

O cronômetro, o tempo medido, somado à neurose de explicar tudo, impele a uma exigência (interna ou externa) de ter que fazer algo: ter que superar, ter que construir uma meta para ficar melhor, ter que entender demais as coisas, a ter. Ter que seria uma exigência contemporânea? Uma espécie de controle do tempo?

Nesse sentido a sensação de que não se faz nada, de que se está improdutivo, é mais um elemento neurótico da travessia. Pode-se escolher não agir se não é possível agir, dar tempo para observar e vivenciar as sensações mais sutis e profundas. Pode-se sentir o sentir, ainda que seja a dor. E o mais interessante é que isso tem a ver com amor! Amor por si, pela vida, pela experiência, pela passagem, pelo movimento da vida.



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